Para ti, aquele que não vale nada

"Portanto agora podemos entrar com toda a confiança no santuário, porque Jesus morreu por nós.

Aproximemo-nos, pois, de Deus com coração sincero e cheios de fé, purificados de toda a consciência de pecado e o corpo lavado com água pura." Hebreus 10:19,22



Há quem pense que algumas pessoas são mais importantes para Deus do que outras, mais "espirituais".

Há filhos que se sentem insignificantes diante de Deus. Acham que não têm qualidades, não têm capacidades, não conseguem buscar a Deus como algumas pessoas, não conseguem ter a fé que algumas pessoas têem.

Numa determinada altura da minha vida já me senti assim também, por isso consigo compreender o que sentem estas pessoas. Perfeitamente.

Sempre ouvimos, sabemos e lemos que Deus usa os fracos, os humildes, os quebrantados, mas no fundo não acreditamos muito nisso, pois se acreditássemos não achávamos ninguém melhor que nós. Achamos que isso é conversa bonita mas que não conseguimos ser "tão espirituais" como os outros, ter as mesmas experiências com Deus.

E afinal de contas, Deus diz essas coisas bonitas de aceitar os humildes, os fracos, etc., mas parece que Ele só age naqueles que são fortes, determinados, naqueles que "mostram" muitas coisas, que falam muito, que "crêem e acontece".

Como disse, já pensei e já senti assim, mas há muito tempo que compreendi que essa é uma grande mentira que Satanás lança sobre os filhos de Deus.

O caminho para o Santo dos Santos está aberto a todos. Podemos entrar com TODA A CONFIANÇA. Porque somos "espirituais"? Porque temos muita fé? Porque temos tido muitas experiências sobrenaturais? Porque somos "OS" escolhidos?


Até quando acharemos que o Reino de Deus se rege pela lógica humana? Até quando?


Não é por acaso que Jesus foi desprezado e mal recebido e a sua mensagem continua a ser difícil de entender nos nossos dias pela Igreja.

Damos mais importância a quem estudou numa Escola Bíblica do que a quem não o fez. Partimos do princípio que essa pessoa conhece melhor Deus do que as outras. Critérios humanos.

Achamos que Deus se agrada mais de nós do que de um sem-abrigo. Porque nós O aceitámos e O servimos e o sem-abrigo não... Somos salvos pela Graça mas parece que depois, no nosso caminhar cristão, já não precisamos da Graça. Precisamos ser bonzinhos e nos esforçarmos para Deus nos aceitar e amar.

Deus escolhe as pessoas loucas deste mundo para confundir as que se acham a si mesmas muito boas. E quando eu penso nesta ideia, penso sobretudo no Reino Espiritual.

Até quando julgarás pela aparência? Até quando verás como o povo de Israel ao escolher Saul como rei, apenas julgando pela aparência?

Às vezes aqueles que nos parecem mais espirituais, mais perto de Deus, são aqueles que menos O conhecem. Mais uma vez, a lógica de Deus não é a mesma que a nossa.

Tu, que te achas fraco, pequeno, sem conhecimento, sem sabedoria, insignificante aos olhos de Deus, lembra-te:

Deus não ouviu a oração do fariseu que orou em voz alta, gabando-se de não ser pecador como os outros. Ou seja, Deus não ouve as orações dos que se acham muito ungidos, dos que acham que eles sim, eles têm a revelação de Deus. Os outros não são tão sábios.

Deus odeia a arrogância e quantas vezes essa arrogância está nos corações dos filhos... de uma forma tão subtil, diluída, mas ela está lá e bloqueia completamente a acção de Deus.

Deus ouviu a oração do publicano, que batia no peito arrependido, reconhecendo que era um pecador.

Deus ouve a tua oração, tu que achas que não vales nada. É para ti que Ele está a olhar. Se calhar aos olhos das pessoas tu não és nada, não tens futuro, não tens sabedoria. Não reconhecem em ti alguém "muito espiritual".

Jesus olha para ti e tu serias uma das pessoas que ele iria procurar.

Deixa de olhar para os outros. Olha para o alto, para Deus. Não vivas a tua vida sempre sentindo que tu "não vais chegar lá", tu não vais conseguir, que os sonhos "espirituais" que tens no teu coração nunca se vão realizar porque tu és um fraco, um incapacitado.

O teu coração está perto de Deus. Deixa agora que Ele mexa, toque, sopre, fale, ame, preencha.

Tu és filho amado.

Acção Invisível


Nos últimos meses tenho sentido que pouco se tem passado na minha espiritual.

Explicando melhor: tenho vivido diante de Deus mas parece que têm acontecido menos coisas, menos aprendizagens, menos relacionamento entre nós por eu também andar mais calada com Ele.

Por vezes, quando os meus relacionamentos são já íntimos e profundos, eu sinto que nalgumas fases nem sempre tenho de falar muito, por vezes basta estar, basta olhar, basta abraçar. Há relacionamento mesmo sem muita “acção visível”.

Todos os relacionamentos passam por fases diferentes e todas elas enriquecem esse mesmo relacionamento.

Com Deus tenho vivido momentos de silêncio aparente, mas de interacção interior. O meu coração tem soltado muitas palavras silenciosas que só mesmo Ele ouve e sente.

Mas há dias em que sinto-me distante d’Ele.

Tenho compreendido que isso é um engano. Temos, por vezes, a ideia de que para haver um relacionamento íntimo com Deus precisamos todos os dias ler a Bíblia, orar, etc.

Tenho vivido algo diferente. Momentos de mais silêncio mas numa interacção quase imperceptível, invisível.

Talvez esteja como Moisés, passando os 40 anos no deserto, sendo moldado silenciosamente, sendo visitado silenciosamente por Deus, tornando-se, lentamente, um homem mais agradável ao coração de Deus.

Assim estou eu: silenciosa mas feliz por estar no deserto. No meu interior passam-se coisas às vezes imperceptíveis ao meu sentir e aos meus olhos. Estou a formar-me na Paula que cada vez mais agrada ao Seu amado.

Fico feliz por isso.

Como diz uma música:

“Eu prefiro estar no deserto e ter o Senhor bem por perto,
Se guiado por Teu Espírito sou, não importa o lugar onde estou
Eu não temerei.”

Coisas que ainda não posso dizer

Ontem, no caminho para o trabalho, vinha a ouvir no carro um CD que gosto muito.

Às tantas ouço uma parte da música que diz:

“Se pudesse escolher apenas uma coisa só, escolhia-Te a Ti.”

(frase dirigida a Deus).

Fiquei a pensar naquela frase. Eu cantei-a, pois ia a cantarolar a música.

Cantei-a e arrependi-me de a cantar.

É algo que eu ainda não consigo dizer de todo o coração.

Deus sabe que O amo e que O desejo muito. É uma realidade no meu coração.

Com tudo o que tenho vivido nos últimos tempos na minha vida, eu vejo que as minhas palavras diminuíram mas tornaram-se mais verdadeiras, as intenções do meu coração mais profundas, mais certeiras.

Quando vivemos uma vida fácil, é muito fácil dizer a Deus que Ele é tudo para nós, que só O desejamos a Ele, que estaríamos dispostos a morrer por Ele, etc. Não fazemos ideia da profundidade e seriedade das coisas que estamos a viver.

Eu tenho vivido, ininterruptamente, momentos de dificuldades e vejo agora quantas vezes eu já disse essas palavras da boca para fora. Quantas vezes Deus não me basta e o que eu quero mesmo é momentos de paz, sem problemas.

Se eu pudesse escolher uma só coisa neste momento, eu escolhia que as dificuldades que tenho vivido terminassem. É o que está no meu coração e Deus sabe disso.

Porém, sinto que estou cada vez mais próxima de conseguir cantar aquela frase convictamente, sabendo tudo o que ela implica e agradeço a Deus por estar a viver situações difíceis há algum tempo.

Afinal, como disse Jesus, não podemos seguí-Lo se Ele não for mais importante para nós do que a nossa mãe, o nosso pai, o nosso marido, os nossos filhos, o nosso trabalho…

Cortar as amarras que nos prendem a essas pessoas e coisas não é fácil. É um processo doloroso. Mas vale a pena.

Só assim eu posso viver as promessas que Deus já me deu. Desligada ao ponto de sacrificar, como Abraão, o meu próprio filho.

Mais uma vez me lembro das palavras dos discípulos: "Palavras duras, quem as poderá suportar?"

Passo contrário

Estão a ver a imagem de 500 soldados a marchar?

Imaginem um que marcha com o passo descoordenado.

Esse soldado sou eu.

Graças a Deus.

Deus e os homens

Para mim a carta aos Gálatas é uma carta de libertação. Libertação de muitas coisas, mas a que me interessa agora especialmente é a libertação da opinião dos outros sobre a minha vida.

Por ser uma pessoa insegura por natureza, sempre me preocupou o que os outros pensavam de mim. E continua a preocupar.

Essa é uma necessidade básica do ser humano, dizem os psicólogos (aqueles que descobriram a pólvora que os filhos de Deus deviam ter descoberto há muito, apesar de muitas vezes estarem enganados).

Eu não lhe chamaria uma necessidade básica. Chamaria uma tendência da carne, pois Deus pede-me que contrarie isso.

“Procuro agradar não a pessoas mas a Deus. Se procurasse conformar-me às opiniões de homens não poderia ser servo de Cristo.” Gl 1:10

Eu também procuro agradar só a Deus. Se eu me preocupar com o que os outros pensam de mim e agir de acordo com isso, eu não posso ser serva de Deus.

Mas atenção: eu não disse que consigo sempre. Eu disse que procuro, tento, esforço-me por isso. E cada vez mais consigo mais vezes. É Deus a agir no meu interior. É o Espírito a moldar-me.

Estas palavras de Paulo parecem exageradas. Mais uma vez me lembro das palavras dos discípulos: “Que palavras tão duras, quem as poderá suportar?”
É por serem duras que o caminho é estreito e, ao contrário do que se pensa e diz, o caminho largo não está só cheio de pessoas perdidas, sem Cristo. Não, está cheio de cristãos, crentes que acham que a mensagem de Cristo é muito dura. Não a podem suportar.

Sinto no meu interior uma necessidade de viver livre e despreocupada com o que os outros pensam de mim. Peço a Deus que me dê a ousadia de viver apenas aquilo que Ele quer que eu viva, e não aquilo que eu sei que vai agradar aos outros.

Se os outros querem que eu diga palavras bonitas e no meu interior eu tenho palavras de exortação, eu vou exortar.

Se os outros querem um puxão de orelhas e eu sinto no meu interior palavras de conforto, eu vou confortar.

Deus, um dia, mostrou-me que as seguintes palavras são para mim, estão relacionadas com aquilo que Ele quer que eu faça:

“Clamem, com uma voz como de trompeta; denunciem claramente ao meu povo todos os seus pecados! Porque eles pretendem dar uma aparência de piedade, de religiosidade! Vêm todos os dias ao templo e quem os vê parece que estão deleitados a ouvir a leitura das minhas leis, como se quisessem sinceramente obedecer-lhes, como se não desprezassem de forma nenhuma os mandamentos do seu Deus! Julgar-se-ia até que estão ansiosos por cumprir correctamente os preceitos de adoração. Oh! Como dão a impressão de amar os serviços do templo!” Sl 58:1,2

É o que está no meu coração. E não são coisas agradáveis de se dizer, quando se calhar uma multidão de pessoas pensa e sente o contrário. Pensam que está tudo bem. Todos parecem muito religiosos, muito interessados, muito espirituais. Dão a impressão. Apenas. Basta ter um pouco de discernimento do alto para entender isso. Até um cego consegue ver.

Não gosto de apontar o dedo à Igreja. Não me identifico com o tipo de pessoas que apenas critica e nada faz. O seu discurso é destrutivo apenas. Talvez o meu também seja interpretado da mesma forma, mas o que eu sinto no meu coração quando falo destas coisas é algo muito grande e forte que foi colocado cá dentro pelo próprio Deus. Faz parte da minha missão. E é algo que eu não quero desprezar.

Tento, procuro não desprezar, porque a minha missão é ingrata, mal aceite, não é politicamente correcta. Muitas vezes penso que se eu dissesse tudo o que me surge no meu coração, seria apedrejada até à morte pelos cristãos.

É por isso que não me contento mais com “aparência de religião”. Mesmo quando se fazem coisas que nunca se fizeram antes na Igreja, muitas delas são também “aparência de religião”.

Não é preciso inventarmos nada de novo. Basta vivermos como Cristo. O que Cristo viveu. Cada vez mexe mais comigo o facto de Deus me querer moldar à imagem do Seu Filho, de tal forma que quem olhar não vai notar muita diferença entre um e outro.

Não penso que já atingi isso, mas prossigo para o alvo. É esse o meu objectivo de vida.

E com os meus olhos, eu posso ver o Espírito de Deus a agir na Igreja. Não surgiriam palavras de condenação sem a mudança aparecer depois. Não em todos. Mas nos escolhidos.

Quem sou eu para dizer estas coisas?

“Eu, Paulo, chamado para ser apóstolo, não por qualquer organização ou autoridade humanas, mas por Jesus Cristo e por Deus o Pai, que ressuscitou Jesus da morte.” Gl 1:1

Simplesmente alguém que Deus chamou. Não uma organização ou pessoa alguma. "Apenas" Deus.